PISCINAS PÚBLICAS NO SUMARÉ

2002, SÃO PAULO - SP

“O Espaço da Festa – um Projeto, um Manifesto: Piscinas Públicas no Entorno da Estação Sumaré”
Trabalho final de graduação sob a orientação do prof. Dr. Angelo Bucci, 2002.
Graduação em Arquitetura e Urbanismo - FAU USP

INTRODUÇÃO

São Paulo apresenta uma grande carência de espaços públicos de lazer. Os poucos espaços públicos existentes são, na sua maioria, espaços de circulação, que simplesmente atravessamos. A falta de espaços de permanência impossibilita o aproveitamento de uma das maiores riquezas que uma cidade pode oferecer: a dimensão coletiva.
Além disso, São Paulo se entregou ao trabalho de uma maneira impressionante. Atrai muitos outros brasileiros que vem para cá com objetivo definido - trabalhar. Celebra pouco todo este trabalho, e menos ainda de uma maneira democrática. A festa, aqui entendida como celebração da vida - seu sentido, tem pouco ‘espaço’ na cidade.
Este trabalho quer manifestar o desejo/projeto de transformar a cidade a partir da formação de uma mentalidade baseada no outro, no coletivo. Vê no projeto seu instrumento e seu produto.
O projeto pretende resolver um programa de equipamentos de lazer e esportes públicos para o entorno da estação Sumaré do Metrô. Um lugar de encontro, um lugar de festa.

O LUGAR

Dentro do processo histórico de urbanização da cidade, as avenidas de fundo de vale tiveram um papel primordial na produção da paisagem urbana paulistana. O fizeram de maneira extremamente predatória, alavancadas pela priorização do transporte individual.
A construção da avenida Paulo VI prolongou o vale da avenida Sumaré cortando o espigão da av.dr. Arnaldo e ligando-a à Rua Henrique Schaumann.Como acontece em várias outras situações semelhantes, a cidade “deu às costas” para o vale, isto é, a maioria das construções tem o vale como fundo de seus lotes e estes não possuem acesso para o mesmo. Além disso, na direção sul do espigão da ‘dr.Arnaldo’, a construção bastante recente da av. Paulo VI deixou muitos ‘pedaços’ de quadras, ‘vazios urbanos’, resultado das desapropriações para a construção da avenida. Esses ‘vazios urbanos’ demonstram também que o processo de ocupação ao longo desta jovem avenida não está consolidado, o que torna importante uma discussão sobre este processo, para que não se repitam tantos erros já cometidos em outras partes da cidade, ou melhor, para que grandes potencialidades não sejam desperdiçadas.
Em um primeiro projeto para a construção da estação Sumaré do Metrô eram previstas escadas de acesso da estação para o fundo do vale. Entretanto devido à pesquisas de fluxo de pessoas, foram excluídas do projeto, ajudando a acentuar a falta de continuidade entre os ´dois pavimentos´ da cidade (cota 812-av.dr.Arnaldo; cota 786-av.Paulo VI), neste ponto.
Essa geomorfologia tão irregular e interessante motivou a escolha do local com o desafio de resolver essas ligações, do vale com a cidade alta e da avenida Paulo VI com o seu entorno, de modo a tratá-la como ‘lugar’ e não como ‘fundos’ da cidade.
Para a escolha do programa foi importante a vocação que a Av. Sumaré possui como equipamento de lazer principalmente nos finais de semana; muita gente utiliza os canteiros para caminhadas e cooper e também o viaduto para prática do rappel. Outra característica importante são as visuais extremamente amplas que a cota (das mais altas da cidade) da dr.Arnaldo proporciona.
O trabalho também se insere dentro de uma visão de utilização e democratização dos recursos de infra-estrutura existentes nas regiões centrais da cidade. Atualmente, a estação Sumaré possui uma demanda nos horários de pico quase 20 vezes menor que sua capacidade . Este projeto tem no metrô, ou no transporte coletivo, forte instrumento para fazer diferentes camadas sociais da população usufruirem do equipamento público proposto. O trabalho não deverá desenvolver projetos para adensamento da região, mas discorda da política, ou da falta de política, que durante o processo de crescimento, ‘esparramou’ a cidade por quase 8000 km2 de área, tentando em vão servi-la com os diversos tipos de infra-estrutura. Por outro lado o programa proposto poderia também se inserir em áreas já consolidadas mais periféricas e mais carentes.

DESCRIÇÃO

Três edifícios principais configuram o projeto das piscinas no entorno da estação Sumaré do Metrô. Os edifícios "piscinas", os edifícios de "circulação vertical/administração e apoio" e os edifícios de "circulação horizontal".
Estes edifícios estão compostos na paisagem em um desenho rígido, que se contrapõe com o relevo, irregular em todas as direções. As piscinas e os vestiários se articulam em dois níveis: os vestiários, cota 796; as piscinas cota 801.7, uma cota intermediária aos 25m que separam as duas cidades (Dr.Arnaldo x Paulo VI). Fazendo toda a ligação entre essas cotas de nível estão os eixos verticais de circulação, abertos para a cidade como um todo, não só para os usuários das piscinas. O controle para o uso das piscinas se faz justamente no nível dos vestiários, pois o acesso às piscinas só pode ser feito através dele. Uma passarela descoberta faz a ligação entre os dois lados do vale justamente ao nível dos vestiários

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