HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL EM MACEIÓ

2º PRÊMIO CONCURSO
2013, MACEIÓ - AL


ARQUITETURA
João Paulo Meirelles de Faria

COLABORADORES
Simon Ducroquet
Daniel Jabra

Concurso promovido pela Braskem e IAB Alagoas 

A presente proposta tem como objetivo oferecer um modelo de habitação unifamiliar sustentável e compacta utilizando o plástico como sua matéria prima principal.
A habitação em questão tem área de 60 m2 em um terreno de 120m2 localizado dentro da planta PVC 2 da Braskem na cidade de Marechal Deodoro no estado de Alagoas.
Procura fazer um uso racional dos sistemas construtivos com uso do plástico de modo a caracterizar uma arquitetura eficiente e contemporânea.
O Concreto PVC tem como proposta ser uma tecnologia sustentável, substituindo o madeiramento utilizado nas formas do concreto armado. Dessa maneira o concreto não precisa ser desformado e o pvc permanece como acabamento, natural ou com pintura. As formas são precisas e vem prontas de fábrica para o encaixe. Porém, para que o ciclo sustentável se complete, é necessária que a sua utilização seja feita de maneira economicamente eficiente e que possibilite a transferência de soluções para uma gama ampla de casos similares; e sobretudo que produza uma arquitetura de alto impacto em seu contexto.

ORGANIZAÇÃO ESPACIAL
A residência se organiza através de um núcleo de serviços e instalações que, além de concentrar as infraestruturas necessárias, organiza o programa de maneira fluida e com grande eficiência no uso dos espaços.
Sala e cozinha compartilham uma ‘lateral’ da residência e podem se ligar ou estarem independentes - através do fechamento de uma parede móvel em PVC ou madeira que recolhe no interior do núcleo central.
Os quartos são organizados da mesma maneira possibilitando, em ambos os casos, ventilação cruzada e amplitude espacial.
O núcleo central libera completamente as fachadas para aberturas generosas e flexíveis. As portas de correr dos ambientes - com caixilharia em PVC e vidros temperados de 10 mm - tem a largura total dos mesmos, 2,55 metros, e transformam os ambientes em ‘varandas internas’. Além das portas de correr de vidro as fachadas recebem também um painel de sombreamento que corre e pode sombrear tanto salas como quartos dependendo da necessidade em relação à hora do dia.
A cobertura da edificação está totalmente liberada para uso e para a manutenção dos sistemas de infraestruturas presentes na cobertura.
O sistema construtivo
O sistema construtivo principal do projeto é o concreto PVC produzido pela Braskem. O concreto PVC tem como principal característica a substituição das formas de madeira por formas de PVC para a constituição de paredes portantes em concreto armado. Neste processo tem vantagens de prazos, custos e acabamentos.
A proposta que apresentamos se estrutura em duas paredes de concreto PVC de 15 cm de espessura e 7,5 metros de lado nas divisas do lote. Estas paredes recebem uma laje de concreto armado que vence o vão de 8 metros da largura do lote. Esta laje de concreto armado se utiliza da tecnologia BubbleDeck de lajes ocas armadas em dois sentidos ao receber esferas de polipropileno. O conjunto estrutural se completa com as duas paredes centrais transversais que fazem o contraventamento do conjunto.
As lajes de concreto possuem espessura de 23 cm com esferas de 18 cm de diâmetro e sua concretagem pode ocorrer de duas maneiras:
- uma pré-laje de 6 cm que engloba as armações inferiores é içada no local com a a ajuda de um guindaste móvel para posteriormente receber a concretagem final. Esse sistema teria o acabamento do concreto aparente no interior da residência e deve ser utilizado para a construção de um maior número de habitações já que exige o uso de um guindaste.
- a segunda possibilidade - para a construção de habitações onde as esferas e armações forem posicionadas manualmente - se utiliza de uma forma de PVC que está sendo proposta conforme desenho ao lado: chapas ocas de PVC com 4 cm de espessura estruturadas sobre escoramentos provisórios para a concretagem da laje. Nessa situação o forro no interior da residência seria de PVC (como as paredes) e pela sua espessura de 4 cm poderiam passar instalações elétricas.
As demais paredes do núcleo central podem ter a espessura mínima do sistema, 64 mm, e serem preenchidas por um concreto mais leve - com exceção da parede sob a caixa d’água que deverá ter espessura dimensionada para receber a carga da mesma.
Além das paredes, forro e caixilhos em PVC a solução aqui apresentada também se utiliza de algumas outras elementos em PVC ou polietileno:
- os beirais da cobertura são produzidos em concreto PVC e possuem uma série de funções: ajudam no sombreamento das fachadas, são um suporte para as placas do aquecimento solar e possíveis placas fotovoltaicas; e ainda servem como um banco para uso na cobertura.
- os domus de iluminação dos banheiros são cilindros de pvc concretados juntamente com as lajes. O seu detalhamento prevê a incorporação de um fechamento em vidro na parte superior para iluminação e ventilação dos banheiros.
- a caixa d’água em polietileno se propõe a reservar três tipos de água em um único reservatório dividido em três partes: a água potável da rua (2.000 litros), a água de reuso coletada das chuvas (500 litros) e a água quente (250 litros) em um compartimento devidamente isolado termicamente.

SUSTENTABILIDADE
Os sistemas propostos para ampliar a qualidade ecológica e da conservação de energia são os seguintes:
Aquecimento Solar - a solução propõe a utilização de uma placa coletora de luz solar de 1,60 m2 para o aquecimento das águas dos chuveiros. O boiler para a reserva de água quente está incorporado na caixa d’água proposta. A placa coletora está apoiada no beiral que pode receber uma quantidade maior de painéis conforme cada caso.
Placas fotovoltaicas – placas fotovoltaicas não estão sendo propostas para esse projeto especificamente, mas podem ser facilmente instaladas apoiadas nos beirais (como os coletores para o aquecimento da água) se necessário.
Captação e Reuso de Águas Pluviais – o sistema proposto consiste na coleta das águas pluviais através da laje de concreto em uma cisterna de polietileno tipo fortlev de 5.000 litros enterrada no jardim. Essa água é bombeada para um reservatório superior de 500 litros acoplado à caixa d’água principal para posterior uso nas bacias sanitárias e para a rega do jardim.
O esgoto produzido nos banheiros cozinha e lavanderia também será pré-tratado dentro do terreno. Para isso estamos propondo o uso de um bio-digestor / filtro anaeróbico em polietileno tipo acqualimp de 600 litros. Os efluentes do sistema podem ser encaminhados para o sistema público de coleta de esgotos diminuindo a demanda do sistema ou ainda para um sumidouro dependendo da situação em um possível futuro caso de implantação da habitação.
O conforto ambiental é garantido com sistemas passivos como a ventilação cruzada, que pode ser equalizada com as portas de correr. O sombreamento das fachadas é feito pelos beirais instalados na cobertura e pelos painéis de sombreamento da fachada, que sombreiam quartos e/ou sala conforme o horário do dia. A laje de concreto tem o seu desempenho térmico aumentado com o sistema de esferas de polipropileno e eventuais sistemas de isolamento na parte superior da laje se necessário.