CONDOMÍNIO VILA DOS MELLOS
2018, CAMPOS DO JORDÃO - SPARQUITETURA
João Paulo Meirelles de Faria
Ary Henrique de Souza Neto
Juliana Braga
COLABORADORES
Bruno Manso
Rodrigo Damasceno
Renan Dumette Kolda
Talita Vianna
Gabriela Emi Kunieda
Concurso promovido pela Companhia dos Mellos e Escola da Cidade
UMA ARQUITETURA PARA A COMUNIDADE DOS MELLOS
A proposta que apresentamos para o Concurso da Vila dos Mellos visa em sua arquitetura a formalização do conceito de comunidade, coletividade e cocriação desejado pelos idealizadores do empreendimento. Para tanto, lança mão de uma solução que foge da ideia do tradicional ‘pavilhão’, isto é, da unidade singular de forma fechada que estabelece relações rígidas entre dentro e fora e de individualidade estática dentro da coletividade.
O projeto que apresentamos se dá a partir da fragmentação do programa em três partes: a área social, o serviço e a área dos quartos. Estrutura-se a partir da formação de pátios internos e faz uso de quase todo o terreno. A ideia do pavilhão, então, desfaz-se a partir desses pátios que se tornam espaços de transição, importantes na contextualização de um projeto no lugar. Esses espaços fazem conexão e relação entre os ambientes privados da casa e o espaço coletivo do condomínio, tão enfatizado e importante neste empreendimento. Desse modo, produzem o sentimento de pertencimento, consolidam o sentido de lugar, além de integrar arquitetura e natureza de maneira mais efetiva.
A fragmentação sugere uma forma aberta e flexível que poderia crescer de modo variado e infinito em comprimento, largura ou altura. Na paisagem, sugere a formação de um sistema que dilui as unidades na relação com o todo, além de que a relação entre edificações de tamanhos diferentes não produziria contrastes muito visíveis na paisagem, ao contrário, expressaria a coletividade onde pessoas diferentes habitam de forma harmoniosa.
CONSTRUÇÃO
O sistema estrutural consiste em quatro treliças de madeira apoiadas, cada uma, em dois pilares/fundação de concreto distantes 3,6m entre si. A treliça tem balanços desiguais, sendo o balanço maior no sentido da paisagem. Dessa maneira, os pilares aproximam-se do chão facilitando a sua construção.
As treliças são compostas por peças de madeira feitas em CLT da Crosslam com tirantes de aço em barras maciças tipo vergalhão, de custo muito baixo. O contraventamento final da treliça dá-se
com a composição das placas de fechamento - placas cimentícias usuais de mercado, pintadas e formando um sanduíche com miolo de lã de rocha ensacada.
Por serem muito leves devido ao pequeno volume de madeira, as treliças viabilizam a construção de vãos consideráveis e grandes extensões construindo os espaços de transição desejados. Elas recebem as lajes de cobertura e de piso em painéis maciços da Crosslam justificando seu volume com pisos e tetos acabados. Esses planos de piso e teto são estruturados por vigas também de CLT associadas à laje da cobertura. As vigas principais tem altura de 70cm - vencendo com facilidade o vão de 7,20m da sala - e recebem um par de nervuras que ‘divide’ o vão em três outros de 2,40m que, por sua vez, penduram as lajes de piso por meio de tirantes de aço.
O vão dos quartos repete o sistema com apenas uma nervura e um par de tirantes, ‘dividindo’ a laje de piso em dois panos de 2,40m. Já o vão da área de serviço e banheiro não repete a viga de 70cm, as lajes de piso e teto vencem o vão de 1,80m sem vigas.
A cobertura recebe ainda telhas metálicas sanduíche para isolamento e impermeabilização dos painéis de CLT. Os vidros permeiam toda a extensão das fachadas logo abaixo da viga de madeira e permitem amplas visuais e a ventilação cruzada.
A ampliação da residência de 60m² para 75m² dá-se a partir da construção de mais um quarto apoiado nas mesmas treliças do quarto inicial, porém em uma cota de nível 1,70m acima. Com isso, as visuais da paisagem do quarto inicial, bem como sua ventilação cruzada, estariam preservadas, além de manter a setorização do programa.
O patamar do pátio de chegada é construído por uma mureta de blocos de concreto chapiscados. Esse pequeno movimento de terra, que faz uso da terra retirada das fundações, organiza a chegada dos usuários por todos os lados desejados conforme os terrenos típicos apresentados.
Em última instância, esse pátio é o que situa o projeto em seu contexto – um projeto de caráter contemporâneo, modular e pré-fabricado, sem esquecer do lugar a ser habitado.