CASA EM COIMBRA
2021, COIMBRA - MG[em construção]
ARQUITETURA
João Paulo Meirelles de Faria
EQUIPE
Bruno Manso
Carolina Hosino
Augusto Paiva
Guilherme Okasaki
COLABORAÇÃO
Tatiana Ozzetti [Ozz Arquitetos]
ESTRUTURA
Willcan Estrutural
Coimbra é uma pequena cidade de 7.000 habitantes situada à sudoeste do estado de Minas Gerais em uma paisagem do domínio dos ‘mares de morros’ tão característica deste estado mineiro.
O terreno, situado a 8km do centro da cidade, olha frontalmente para a orientação sul e possui vistas para um vale local e para um vale distante mais à oeste.
O modo de implantar a casa levou em conta as curvas de nível, em formato côncavo, mais do que a geometria retangular do terreno, isto é, a casa se orienta para o sul sem levar em conta a geometria retangular do terreno que na paisagem não encontra elementos formais fortes além de uma cerca envolta pela vegetação. Levando em conta a topografia, o programa vai então se implantando a partir dos níveis específicos de modo à diminuir os movimentos de corte e aterro.
Assim o programa da casa se estrutura a partir de três blocos mais ou menos independentes, e ao redor de um pátio de chegada e de festejos:
- um bloco social, que contempla as funções de estar e cozinhar no mesmo nível do páteo 774,50m. E na fachada oeste um pequeno mezanino, conformado a partir da topografia no nível 775,40m que abriga a leitura o trabalho e o estudo.
- um bloco de serviço, também nos níveis 774,50 e 775,40, abriga a garagem, um banheiro e a lavanderia.
- e por fim, o bloco dos quartos, situado em cota mais alta 777,00. Possui três quartos e, neste nível, possui as vistas desimpedidas por sobre o telhado dos blocos logo abaixo.
Os três blocos, por seu caráter pavilhonar, são iluminados naturalmente pelas fachadas norte e sul e, pelo mesmo aspecto, possuem ampla ventilação cruzada.
A chegada se dá pela parte baixa do terreno através de uma escada conformada pela casa e o volume da piscina.
MATERIAIS LOCAIS E REAPROVEITADOS
Uma das premissas iniciais básicas para o projeto foi o aproveitamento integral de um paiol de madeira de construção iniciada no século XVIII que seria desmontado na região e que foi comprado pelos clientes para a construção da casa.
A intenção é que todos os elementos do paiol sejam aproveitados, sejam eles pilares e vigas de grandes seções, assim como os fechamentos laterais e os pisos em tábuas, tudo em madeiras maçicas da região, como por exemplo a braúna. As madeiras serão aproveitadas em suas seções existentes sem nenhum aparelhamento, apenas serão limpas e seladas.
Os ajustes no terreno serão feitos a partir de muros de arrimo com grandes pedras da região. Estes muros conformam os platôs e a partir destes novos níveis serão posicionados os pilares de madeira. A cobertura é feita inicialmente a partir de um beiral de concreto que conforma uma linha horizontal na paisagem, dando escala e revelando a topografia do terreno e do projeto. Sobre este beiral se erguem os ‘oitões’ em alvenaria e a cobertura em telhas metálicas do tipo sanduíche com miolo isolante térmico.
As tábuas do paiol serão aproveitadas como piso do bloco dos quartos e como revestimento interno dos oitões de alvenaria. No mesmo sentido de reaproveitamento de materiais locais o piso externo do páteo, em tijolos, foi trazido de uma outra demolição de uma fazenda vizinha.
Deste modo, a Casa em Coimbra, que está em construção, promete nascer já com muita história pra contar.